sexta-feira, 15 de maio de 2009

The Eye of Judgement Review


Magic, Pokémon, Yu-Gi-Oh... desde a década de 90, esses jogos e muitos outros tomaram o mercado de assalto com suas cartas coloridas, estratégias complexas e pacotinhos caros. Mas apesar do grande sucesso e das diversas tentativas, nenhuma adaptação de card games para o mundo virtual deu muito certo. E é justamente nesse jogo que a Sony entrou com seu The Eye of Judgement – e podemos dizer que, pelo menos em parte, ela conseguiu.

O espírito desse “jogo de azar místico” é bem simples. Cada jogador monta um baralho com as 30 melhores cartas que possuir, e as posiciona, alternando ás vezes, em uma arena de três casas por três, totalizando nove delas. Uma vez colocadas, a câmera PlayStation Eye as reconhece e faz revelarem suas verdadeiras faces – anões, dragões, castelos, tanques de guerra, e todas aquelas criaturas fantásticas que antes habitavam apenas o mundo dos desenhos bidimensionais agora finalmente vêm à vida.

Mas nem tudo é tão simples assim – como em qualquer outro jogo de cartas, The Eye of Judgement tem suas regras... algumas simples e compreensíveis, outras nem tanto. O objetivo principal do jogo é usar as suas criaturas para tomar controle da maioria das casas do “tabuleiro”, ou de todas as nove. Durante o seu turno, o jogador ganha dois pontos de Mana, e pode usá-lo para invocar monstros ou convocar feitiços. Quando duas unidades inimigas são colocadas em espaços adjacentes, elas entram em combate, e o perdedor tem que sair, deixando o espaço livre para seu oponente tomá-lo no turno seguinte. Para termos de comparação, dá para pensar no jogo como uma versão turbinada de Triple Triad, o controverso minigame presente em Final Fantasy VIII.

A princípio, não há nada de errado com o jogo de cartas para o PlayStation 3. O objetivo é simples, a idéia de ver os monstros combatendo na tela é atraente e a mecânica, apesar de variar entre conceitos simplíssimos (como posicionamento) e ligeiramente confusos (custos de ativação, identificação de elementos no campo, funciona bem. Porém, ao contrário de outros similares, Eye of Judgement é essencialmente passivo: um jogador não pode interferir no turno do outro com efeitos e magias rápidas, por exemplo). Isso por si só já corta metade da emoção, pelo menos para quem já está acostumado com card games mais robustos.

Outro problema é a quantidade de elementos envolvidos em uma partida – o que, pelo menos, não é um problema SÓ desse jogo. Cada criatura tem um custo de invocação, um custo diferente de ativação, uma raça, um elemento, um efeito, uma área de ataque, uma área de defesa, às vezes uma limitação especial e às vezes uma “trava”, o que significa que só é possível invocá-la mediante certas condições. E levando em consideração que todas as cartas de criatura têm a mesma cor, com essas informações escritas em letras pequenas e ícones semi-invisíveis, a margem dada à confusão é imensa. E tudo fica pior quando se tenta aprender a jogar assistindo às longas e tediosas vídeo-aulas contidas no disco.

Os duelos podem ser realizados tanto de forma local – contra o computador ou um amigo que também possua um baralho montado – quanto com pessoas online ao redor do mundo. Uma vez conectado à rede, o game oferece um sistema de quadros de pontuação que mostra os melhores jogadores de cada “Reino” (você escolhe a qual quer pertencer quando entra pela primeira vez), o que é sempre bom para atiçar a disputa. Jogar contra a inteligência artificial, por outro lado, não é tão gratificante, uma vez que mesmo no nível mais baixo de dificuldade ela se recusa a cometer muitas falhas – as que deveria estar aprendendo a deixar de lado treinando com ele. Mas infelizmente, o pior defeito – que não é do jogo em si, mas não deixa de o assombrar – são a malandragem e a falta de acesso. Mesmo cópias toscas das cartas, impressas em papel sulfite, são reconhecidas pela câmera. E como é praticamente impossível comprar novas aqui no Brasil... The Eye of Judgement não é, de maneira nenhuma, um jogo ruim. Mas se for para pagar 70 dólares pelo pacote, é melhor investir em um card game “de verdade”, e ir jogar com os seus amigos da vida real.

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