quarta-feira, 29 de abril de 2009

Tom Clancy's Rainbow Six Vegas Review


Após uma temporada relativamente escassa de títulos de qualidade, os jogos sob o rótulo Tom Clancy tiveram uma reascenção considerável com o lançamento simultâneo — todos pela Ubisoft — de Rainbow Six Vegas, Splinter Cell Double Agent e Ghost Recon Advanced Warfighter.
Lançado inicialmente para Xbox 360 e PC, cerca de 7 meses depois chega ao Playstation 3 o mesmo título com algumas funções de movimento do SIXAXIS e o pacote de expansão multiplayer que, no caso dos usuários do Xbox 360, deve ser comprado na Xbox Live.
Sendo um jogo de tiro em primeira pessoa, a série Rainbow Six narra os combates de um grupo com o mesmo nome responsável por eliminar ameaças terroristas ao redor do mundo.
Armados com equipamentos que vão de rifles de grosso calibre a itens de espionagem, o que permite ao jogo se enquadrar no gênero Tactical First Person Shooter. No caso de Rainbow Six Vegas, o jogo deixou de lado o excesso de rotinas táticas e inseriu um estilo de jogo mais rápido e repleto de ação, tudo através de mapas elaborados e inteligência artificial agressiva.
O México com palco para problemas novamente:
Como é comum aos jogos inspirados em livros do escritor Tom Clancy, Rainbow Six Vegas (RSV) narra um conflito hipotético travado na fronteira entre os Estados Unidos e o México em 2010.
A história começa quando uma mexicana terrorista chamada Irena Morales, sem muita ideologia ou propósitos profundos, começa a armar pesadamente um grupo de guerrilheiros a fim de combater os Estados Unidos através de ataques com bombas e sequestros.
Nesse cenário, o jogador é um recém-promovido comandante da equipe Rainbow Six — Logan Keller — e deve, junto a dois aliados, prender Irena para dissolver a organização sob o seu comando.
Contudo, devido ao ataque de mísseis contra o helicóptero de Logan, a equipe é obrigada a se separar cabendo ao jogador reencontrar sua equipe para continuar a missão. Após isso, o jogador entra no complexo terrorista e encontra Irena. Com a voz de prisão dada, a líder dos bandidos aciona uma armadilha de explosivos e soterra o protagonista, enquanto seus dois aliados são presos.
A partir daí, uma série de ordens são impostas ao personagem e ele deve sair da fronteira e ir até Las Vegas combater ataques violentos contra cassinos. Domingo Chavez, autoridade máxima da equipe Rainbow Six, dá pistas de que estes ataques na “Cidade do Pecado” e Irena Moralez provavelmente têm algum tipo de conexão.
Em suma, o enredo de Rainbow Six Vegas é simples e óbvio. O combate à forças terroristas fictícias já é um clichê nos videogames, de modo que a ênfase acaba ficando por conta da ação e dos tiroteios.
De modo inteligente, Rainbow Six permite bastante ação sem perder muito tempo com elementos narrativos. Ademais, Cutscenes onde se recebe informações pela responsável técnica, Joanna Torres, sempre ocorrerão na transição entre as fases de maneira rápida. Em tais momentos, além de poder se reequipar, o jogador é realimentado com notícias sobre o caos na cidade e movimentações do grupo terrorista que está lidando enquanto sobrevoa de helicóptero uma cidade aos pedaços. Não são momentos brilhantes mas suficientes para o jogador não se esquecer que deve agir rapidamente, que a situação é de urgência.
Acão e tática na proporção ideal:
Para auxiliar o deslocamento, existe um mapa que pode ser acessado através do botão L2. Ali, é possível acessar informações sobre a disposição dos inimigos, civis e aliados. Outra vantagem é que a visualização é simultânea ao jogo, ou seja, é possível se deslocar ao mesmo tempo que se vê a posição dos indivíduos no cenário.
Contudo, a informação do local exato dos inimigos depende se o campo de visão do protagonista engloba ou não o adversário, de modo que se um inimigo entrou em um túnel ou deixou de dar pistas sonoras sobre sua localização, seu ponto no mapa some imediatamente.
Já os cenários são amplos e cheios de obstáculos, colunas e pontos para se esconder e estabelecer estratégias. O número de caminhos e opções para o jogador avançar com sua equipe são vários, e é aqui que reside o ponto forte de Rainbow Six Vegas. Através das ordens de deslocamento que o jogador dá, é possível separar o grupo do protagonista, criando desse modo duas frentes de combate.
Pelo D-Pad (Direcional Digital) dá-se dois tipos de ordens ao esquadrão: seguir o comandante ou ficar parado, pegando cobertura. Com o botão Select, estabelece-se o padrão de ataque e agressividade do grupo: pressionado, vai-se para o modo Assault onde qualquer inimigo é alvejado imediatamente por tiros. Com ele desativado, entra-se no modo Infiltrate onde apenas os tiros inimigos são rebatidos, não havendo ataques por parte dos aliados.
Ao contrário de Ghost Recon, não é possível escolher quais aliados farão parte da equipe, pois Michael (especialista em explisões) e Jung (hacker especializado) desempenharão tarefas-chave para o desenrolar da história, o que o obriga a tê-los na equipe.
De modo contrário ao que se vê normalmente na franquia, não há tantos detalhes sobre os armamentos e táticas a serem priorizadas em cada operação, de modo que a escolha de armas está limitada apenas ao gosto do jogador.

Sempre através das cutscenes no helicóptero, a escolha do arsenal é feita optando-se por rifles de assalto, metralhadoras, submetralhadoras ou shotguns. As armas são várias e podem ser avaliadas por pequenas barras que servem para compará-las através dos sequintes quesitos: precisão, alcance e dano.
Apesar do nível de realismo estar abaixo do esperado, o comportamento das armas estão condizentes com o esperado; ou seja, uma metralhadora de número de tiros por segundo elevado e capacidade de armazenamento alto possui recuo forte e precisão grosseira, ao mesmo tempo que rifles sniper tem uma mira ótima, com o porém de serem pesadas e possuírem poucos disparos no pente.
Gagdets, equipamentos portáteis de tecnologia avançada:
Para auxiliar no tipo de estratégia empregada, é possível também se escolher o número de tiros feitos a cada disparo (automático, semi-automático), uso de silenciador para entradas mais furtivas e proveito da visão noturna e visão sensível a temperatura, possibilitadas pelo capacete de combate usado pelos soldados. Todas essas funções são acessadas com facilidade, com exceção da pistola. Esta arma, item de combate básico, é costumeiramente usada em situações de emergência, quando o inimigo está próximo e não há tempo para recargas.
No entanto, em Rainbow Six Vegas o acesso a ela se dá unicamente segurando-se o botão de triângulo e indo até ela através do direcional, ou seja, perda de tempo que pode ser fatal. Vale dizer que o botão triângulo que aqui serve para alternar rapidamente entre os dois rifles — número máximo que o personagem pode carregar, e que não haveria prejuízo algum se essa função se estendesse à pistola.
Voltando-se a falar do esquadrão, ele se comporta muito bem às ordens do personagem. Todas as instruções são atendidas rapidamente, sendo que eles procuram abrigo nos melhores locais disponíveis para defesa. A precisão dos tiros feitos por eles são excelentes e estão no nível esperado de um grupo de combate de elite.

Eventualmente, contudo, Michael ou Jung se aventuram a avançar inadvertidamente pelo mapa e acabam sendo feridos; quando isso acontece, cabe ao jogador mandar o outro soldado ir curá-lo ou ele mesmo se prontificar a restabelecer a saúde dos seus aliados. O processo é rápido e consiste em uma injeção de morfina que permite a volta ao combate como se nada tivesse acontecido, sem sequela alguma.
Nestes momentos, porém, há uma certa urgência pois a situação deles se agrava conforme a demora do socorro, chegando-se ao ponto de morte e, consequentemente, game-over/retorno ao último checkpoint. Algo interessante é que quando o inimigo joga uma smoke bomb — atrapalhando assim a visão de todos, os próprios aliados imediatamente acionam a visão adequada (neste caso, a infravermelha) para contornar a situação.
Enfim, tudo isso ajuda que o jogador estime seu grupo e o veja como um verdadeiro grupo de combate, e não um bando de palermas controlados por uma inteligência artificial tosca — situação normalmente vista em videogames.
Para deixar a experiência ainda mais emocionante, Rainbow Six Vegas chama a atenção pelo uso constante de Rappel e invasões através da quebra de vidros nos arranha-céus, acessados através de descidas vertiginosas em edifícios muitos metros acima do chão. Em tais momentos, a sensação remete aos melhores filmes de ação e dão ao uma sensação, senão heróica, ao menos interessante.
Matança de dezenas de inimigos:
Foi dito que Rainbow Six Vegas é um jogo de tiro tático repleto de opções de estratégia. A partir daí, pode-se pensar que temos aqui combinações diversas de combate junto com controle de equipe onde o ideal é que poucos inimigos sejam mortos e que o time aja da maneira mais discreta possível. Desta sentença, contudo, só a primeira parte tem validade.
Rainbow Six Vegas é extremamente violento, com dezenas de inimigos armados com metralhadoras pesadas e distribuídos em vários lugares e níveis pelo cenário. A ação nunca pára de ocorrer e em nenhum momento há quebra-cabeças ou situações delicadas a serem enfrentadas pelo personagem — é pura pancadaria.
Além do arranjo de sua equipe pelo cenário, a única preocupação a ser enfrentada pelo jogador é evitar tomar tiros e varrer rapidamente o maior número de inimigos possível.
Algumas vezes, para se ter uma idéia, é possível pensar que existe respawn infinito, ou seja, que os inimigos irão aparecer indeterminadamente até que o jogador faça algo previsto pelo game ou saia do recinto em que está, contudo, isso não é verdade. Rainbow Six Vegas possui uma dificuldade razoável mesmo e a quantidade de ameaças a serem neutralizadas é enorme.
Sim, existem momentos em que se deve usar os silenciadores e caminhar delicadamente pelo cenário mas eles são exceções, pois os inimigos possuem uma sensibilidade visual muito alta, tal como ocorre em uma situação real, e quase sempre a invisibilidade do jogador será revelada, resultando em alerta aos inimigos e o início de uma batalha sanguinolenta.
Para se ter uma idéia, mesmo que o jogador se agache por detrás de caixas e contêineres, caso o inimigo veja uma fração do corpo do jogador ele rapidamente irá alvejá-lo com projéteis e tentará chamar aliados para solucionar a situação.
Multiplayer completo:
Qual joystick é melhor, o do Xbox 360 ou o do Playstation 3. Bem, o primeiro é mais pesado, possui função vibratória e é maior, enquanto que a do PS3 é menor, sem vibração, bateria recarregável de fábrica e sensor de movimento SIXAXIS.
Bem, sendo um aspecto subjetivo, particularmente considero o controle analógico do videogame da Sony mais preciso e melhor para jogos de tiro em primeira pessoa. A excursão do manche é maior, assim como o deslizamento é mais macio. Particularidades a parte, tanto o comando da equipe como o controle do personagem é responsivo no console, como trocas de armas e mudança dos modos de visão (visão noturna, infravermelha).
Já o SIXAXIS tem um papel relativamente limitado, servindo apenas no uso da Snake Cam. Aqui, o personagem insere uma câmera móvel por debaixo das portas e o jogador, virando o controle, pode observar diferentes áreas do cômodo a ser invadido sem precisar se expor aos inimigos.
O multiplayer é rico, com várias opções, sistema de ranking, personalização dos personagens e contém os dois modos novos que no Xbox 360 são pagos. Quanto ao sistema de ranking, conforme o jogador completa missões online nos vários mapas disponíveis, são liberadas opções novas de vestimentas que servem para diferenciar visualmente os melhores e mais experientes. Além de gratuito, o multiplayer funcionou na ocasião dos testes sem atrasos ou travamentos.
Sensação de um combate repassada com sucesso:
Graficamente, chama a atenção do foco over-the-shoulder (sobre os ombros) nos momentos que o protagonista gruda aos obstáculos para se proteger.
Em um sistema similar ao visto em Gears of War, ao se chegar perto de um obstáculo como muros, pneus ou sacos de areia, pode-se pressionar o botão L1 para que o personagem se junte a esta proteção. Neste momento, a câmera sai do tradicional primeira pessoa e se desloca um pouco atrás do personagem, focalizando assim tanto o personagem quanto a ação que está ocorrendo logo à frente. É possível atirar às cegas ou mirar com precisão, sendo que neste último caso há uma exposição do corpo maior aos tiros inimigos.
Com poucas cutscenes, Rainbow Six Vegas é graficamente bom. Ligeiramente inferior, a versão ao do Xbox 360, às vezes há um certo exagero nos efeitos de luzes, que ofuscam o jogador e borram e distorcem as texturas. Mesmo assim, grande parte da atmosfera de Las Vegas, com seus cassinos enormes e luminosos de Neon em abundância estão lá, bem representados.
O mesmo vale para a trilha sonora que varia bastaste conforme se muda o ambiente, variando da música clássica quando se está em um teatro até em momento que se entra em boates.
Valor de replay elevado devido ao multiplayer:
Rainbow Six Vegas é ação ininterrupta com pitadas de elementos táticos. O enredo é simples e nem por isso degrada o jogo, pois desde o início a meta está clara: varrer com tiros todos os terroristas no caminho sem muita perda de tempo para histórias. O jogo pode render até 12 horas de jogo sem parar, um número que parece estar se tornando padrão no gênero.
A jogabilidade é precisa e o multiplayer excelente, o que acaba por estender significativamente o valor do jogo, o replay. Contudo, para os que não estão satisfeitos com a ausência de uma história mais envolvente e elementos estratégicos mais presentes, recomenda-se outro título da própria Ubisoft, Ghost Recon Advanced Warfighter. Para os que desejam ação digna de um filme da categoria, Rainbow Six Vegas é uma aquisição excelente.

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